segunda-feira, 22 de outubro de 2007

BOCA CO CEU 24

Ano VI-Jul/Ag/Set/2007


DEFENDENDO O VOTO

Sempre acreditei que o direito ao voto é uma das mais importantes e democráticas armas que temos para iniciar uma mudança. Ainda continuo acreditando, por isso venho nesse texto defender o voto: o voto nulo. Vejamos: Nunca votei nulo, desde quando comecei a votar no início da década de 80. Sempre defendi o voto e a filiação partidária, independente da legenda, pois acreditava que a militância partidária faz a pessoa crescer. Continuo acreditando, mas, no entanto, penso que nesse momento faz-se necessário uma discussão sobre a representação política que queremos. Acredito que não é esta que aí está. Dentro dessa discussão está a questão do Voto. O voto nulo seria uma das armas utilizadas para abrir esse debate.

Não vejo no cenário político novas perspectivas. Os partidos são legendas de aluguel. Não temos novas lideranças. O sistema político brasileiro está viciado. Elegem-se os mesmos. Não há uma renovação nas lideranças dos movimentos sociais, implicando, assim na continuidade dos grupos hegemônicos que estão ditando as regras. A “oposição”, em sua grande maioria faz parte desses grupos, e estão simplesmente encenando. Se conseguirmos um percentual de votos nulos considerável, nas próximas eleições municipais para Prefeito e Vereadores, e ampliarmos esse percentual na próxima para Presidente, governadores, Senadores e Deputados o cenário poderá mudar.

O Parlamento Brasileiro, nos três níveis: Federal, Estadual e Municipal, está corrompido em toda sua estrutura.

Os nossos “representantes" sem exceção, se não são literalmente corruptos, são coniventes e se beneficiam com o que está ai. Exemplo: porque os

parlamentares eleitos pelo Partido dos Trabalhadores, em sua esmagadora maioria, não saíram do partido quando veio a público as denuncias de corrupção? Simplesmente por medo de não se reelegerem indo para um partido menor ou um novo partido! Porque não saíram do PT, quando o Partido abandonou suas principais bandeiras de luta, pensando exclusivamente na chegada ao poder a qualquer custo? Pelo mesmo motivo acima citado.

A maioria dos parlamentares oriundos de partidos outrora progressistas estão em seu segundo ou terceiro mandato, esqueceram seus referenciais políticos, só voltam aos seus colégios eleitorais no momento de uma nova eleição, o prejuízo com isso é revertido novamente para o cidadão, que em muitos casos perdem excelentes educadores, administradores, funcionários públicos, médicos, engenheiros, etc., que se tornaram políticos de carreira, pois mandato político em nosso país é profissão. Profissão que dá poder. “E o poder tem seus encantos”. O bom profissional foi corrompido pelo poder, pelas mordomias, mesmo não se envolvendo diretamente em falcatruas faz vista grossa e vota com a maioria para não se queimar em uma futura convenção do Partido. Afinal “é dando que se recebe”.

A discussão sobre representação política no Parlamento, faz-se necessário, e você, caro eleitor, pode contribuir defendendo essa bandeira. VOTE NULO.

Rui Oliveira Machado.

ESQUERDA, (EN)VOLVER!

O conceito/categoria de ESQUERDA nasce identificando a luta por justiça e emancipação; homens e mulheres de todos os tempos levantaram-se contra as opressões e sonharam os sonhos mais lindos.

Os caminhos da ESQUERDA merecem alguma atenção. Aí se encontram desde os socialistas até os espartaquistas que lutaram contra o poder de Roma, não esquecendo os anarquistas e mesmo os revoltosos de Canudos. Todos no campo da ESQUERDA, da ESQUERDA revolucionária.

A ESQUERDA se forma enquanto esquerda na medida em que luta (e luta sempre) para a revolução dos iguais e justos. A ESQUERDA só se justifica na medida em que é sempre combatente e libertadora, e luta e luta sempre, sem fazer conchavos e concessões aos poderosos.

Quem faz acordos e brada ser de esquerda, na realidade, mia. O miado é o sintoma da negociata, como aconteceu com o Partido Social Democrata Alemão que ao defender posições cada vez mais reformistas em seu interior, deixava de bradar e miava. Este é o momento decisivo em que o grito de rebelião é vendido e que não estamos mais diante de uma esquerda revolucionária. Este é o momento da iniciação e podemos falar de uma DIREITA iniciada; iniciada nos ritos da opressão e de toda uma sorte de safadezas.

Sintam-se advertidos: é só o momento da iniciação, pois há ainda uma íngreme descida até o sétimo círculo do inferno. Também foi assim com o PSDA que, primeiro, transformou-se em DIREITA iniciada, mas ainda restavam algumas descidas até chegar ao sétimo círculo em que definitivamente estaria convertida ao credo da DIREITA, já aí uma DIREITA despudorada. Ao defender a entrada da Alemanha na primeira guerra mundial em troca de alguns marcos e de alguns cargos no parlamento, abraçava o inferno como um cristão abraça Maria e renegava os milhões de homens e mulheres que seriam mortos na carnificina da guerra como se faz a um Judas; já absolutamente absorta e convertida, já uma DIREITA despudorada.

Trabalhadores e trabalhadoras, esta DIREITA iniciada tanto quanto a DIREITA despudorada não merece piedade. E não a subestime, pois, a aparente

ausência de capacidade de análise pode indicar precisamente a capacidade de bem analisar – repare que os horizontes são distintos e que no mundo do capital o calvário de “quase-todos” traz o paraíso dos que se comprazem na imundice.

Combatê-la agora e combatê-la sempre - eis a tarefa da ESQUERDA rebelde e revolucionária. Em palavras gritadas por aí, Gramsci apontava que a realidade é por demais criativa, então, valorizemos o quotidiano e não nos prendamos à hora marcada da revolução. Não temos nada a perder, pois, nos dizeres de Marx, o capitalismo só pode nos deixar de herança “o dilúvio”.

Por fim, duas perguntas intempestivas que assim se caracterizam por exigir que seja considerada a existência ou a inexistência de um projeto político de justiça e emancipação. Eis as perguntas. Existe esquerda em Uibaí? Ou será que o que existe é uma direita despudorada (campo clássico da direita e que está no poder) e uma direita iniciada (que está no campo de oposição à direita despudorada – a briga pelo poder tem dessas coisas)?

Nêgo Fugido

Canabrava dos Palmares, 27 de setembro de 2007.

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