quarta-feira, 16 de abril de 2008

Boca do Ceu 26





Ano VII- Jan/Fev/Mar/2008

ELEIÇÕES SUCESSÓRIAS EM UIBAÍ.

Estive presente alguns dias atrás há uma reunião com alguns conterrâneos, para uma breve avaliação da situação sucessória em nosso município, avaliação que já havia feito de modo pessoal, aqui mesmo no BOCA DO CEU, mas que não houve muita diferença do que conversamos. Atualmente em nosso município temos como candidatos, (com disposição política para tal empreitada) Tarcisio Rocha e Délio Alencar. Candidatos esses oriundos do Partido dos Trabalhadores. Tem o atual prefeito que também é candidato a reeleição, e pode-se ter um candidato apoiado pelo Sr. Reinaldo Braga, o que seria na minha avaliação benéfico para o candidato que venha a sair da Frente de Libertação Reconstrução de Uibaí, hoje desfalcada do PCdoB. Vejamos: O candidato, qualquer que seja, de Reinaldo Braga dividiria votos com o atual prefeito, aumentando as chances da Frente. Os dois pré-candidatos da Frente, Tarcisio e Délio, não são bons de Urna quanto Pedro Rocha, candidato da Frente nas duas ultimas eleições, mas se Pedro Rocha conseguir transferir seus votos para um dos candidatos, pode-se ter uma disputa acirrada tal qual as duas anteriores, e com perspectiva de vitória. É necessário no entanto definir o candidato. São mínimas as possibilidade de surgimento de outros nomes nesse campo. Agora é analisar o que será “melhor para o município”, ou seja: seria vantajoso nesse momento diminuir a participação na Câmara, caso Tarcísio saia candidato? A transferência de votos de Pedro Rocha para Délio teria um percentual maior do que se fosse Tarcísio? Quem são os parceiros nessa nova empreitada, o PDT, o PSTU, o PV? Será que o PT estadual vai jogar peso nessa candidatura apoiando qualquer nome do partido, ou ficará isento? São questões que foram levantadas e que deveriam ser analisadas e discutidas o mais rápido possível. Acredito que Uibaí, terá seu nome de “oposição” para disputar essas eleições, como sempre teve, infelizmente não há como fazer uma discussão ideológica por dentro de um partido político, visto que não temos mais nenhum partido “Ideológico”, (pelo menos de expressão nacional) para discutirmos outras alternativas, mas, podemos abrir uma discussão, já levantada aqui no BOCA DO CEU que é a defesa do Voto Nulo, uma alternativa em curto prazo que podemos estar defendendo, como Cidadãos, pelo menos nessa próxima eleição para Prefeito e Vereador. Seria uma demonstração de indignação de pelo menos uma parte do povo de Uibaí, que serviria de referencial para um trabalho mais consistente na perspectiva de construção de uma verdadeira e séria política de administração municipal, com um viés direcionado para uma sociedade mais justa e igualitária.
Rui Oliveira Machado.

PS: Em Uibaí nas ultimas eleições tivemos 408 votos nulos e 68 em branco.

AFINAL, QUEM É O VILÃO?

2008, ano de eleições municipais, ocasião em que vamos ter a oportunidade de mudar o destino político de nossos municípios. Todos sabemos que o princípio que rege a lei eleitoral é o da representatividade, ou seja, é aquele que outorga ao eleitor condições para ter ciência plena da pessoa que o representará. Por isso é necessário que o candidato seja suficientemente conhecido e, para tal, se exige segura comprovação do seu domicílio eleitoral. A finalidade é permitir que o eleitor saiba em quem está votando, em quem reconhece condições de realizar o bem comum. Mas, na prática, será que isto ocorre? Penso que não, em grande parte. Parece-me que duas podem ser as hipóteses: ou o eleitor vota sem se preocupar em conhecer a vida anterior do candidato, os serviços que prestou e a potencialidade que tem de vir a prestar, ou se, mesmo sabendo que ele não merece o seu voto, nele vota, por interesse não do coletivo mas do individual, ou seja: vota para receber benesses, sem qualquer esperança de que aquele candidato venha a fazer algo pelo bem de sua cidade. E aí todos serão prejudicados.

Infelizmente, a segunda hipótese é que muitas das vezes vem prevalecendo e se reflete na frustração de todos, pois, se assim não fosse, como explicar que 159 prefeitos eleitos em 2004 tenham sido processados e condenados à cassação de seus mandatos até agosto de 2007? Diga-se mais, que 19 deles tiveram condenação confirmada no Tribunal Superior Eleitoral. Os motivos foram vários: compra ilegal de votos, troca por favores e indevido uso da máquina do poder, por vezes com abuso desse poder, que lhes foi outorgado pelo povo não para benefício próprio; e quantos outros mais que à toda hora os órgãos de comunicação estão a noticiar, vide cartão corporativo e bolsas de toda ordem. É fora de qualquer dúvida que lei temos, mas também dúvidas não há, que a lei eleitoral, assim como outras, em especial a penal, não é suficientemente forte para desencorajar os maus políticos, os que usam o poder que o povo lhes deu para se corromperem. E é justamente aí que a fraqueza da lei, somada à ausência de responsabilidade do eleitor, permite que políticos reconhecidamente incompetentes, reconhecidamente envolvidos em fatos ilícitos e em atitudes antiéticas em benefício de si próprios continuem a representar o povo. Como é possível aceitar que políticos em véspera de serem cassados, para não o serem, renunciam ao mandato que o povo lhes deu, e logo após se candidatam novamente? E o que é pior: são eleitos.
Como é possível continuar a se votar em políticos que, sem uma razão justificável, de uma hora para outra acumulam fortunas enormes que seguramente não foram obtidas com o salário que recebem?Não é possível que a punição que a lei eleitoral impõe seja apenas de multa e declaração de inelegibilidade por período ínfimo (3 anos) da data da eleição e não da condenação, na maioria dos casos, ocasionando que a eventual punição perca o seu caráter de inibir novos crimes contra o povo.
Parece até que os legisladores, que são políticos por princípio pois é deles o poder, fazem as leis para se protegerem, e por isso interesse não têm os parlamentares de mudar a legislação. Em poucas palavras, não querem mudar a norma porque são eles os destinatários dela.
E a ética, e a moral, e o sonho de uma cidade melhor, de um país melhor, onde é que ficam? Afinal o povo é vítima ou é autor, é o vilão ou é o herói?
A hora e a vez é do povo, único momento em que efetivamente somos todos iguais: valemos todos a mesma coisa, ou seja, um voto.Cabe a cada um de nós fazer um exame de consciência desde já, pois os nossos destinos estão nas mãos dos políticos que elegeremos. Perguntar-se-á: você votaria de novo no mesmo candidato em quem votou na última vez?
Teria ele correspondido efetivamente à sua esperança de vê-lo prestando relevantes serviços à sua comunidade?
É óbvio que a sociedade anseia por uma reforma eleitoral, por uma reforma política, mas para que isso aconteça é necessário ser mudada a mentalidade dos eleitores.
A hora e a vez é nossa, é do povo.
Afinal, quem é o vilão?
Desembargador Walter Felippe D’Agostino