Ano VI - Out/Nov/Dez/2007
DEFENDENDO O VOTO II
Nas últimas eleições Municipais de Uibaí, tivemos 68 votos em brancos e 408 votos nulos. Esse percentual de votos brancos e nulos chega a aproximadamente 6% do eleitorado do município. Com certeza esses eleitores hoje estão tão ou mais indignados quanto estavam no dia em que optaram por esse comportamento diante da urna. Nesse mesmo dia estava como esses eleitores, votando....... não em branco nem nulo, mas sim para prefeito e vereador. Após esses quase três anos de “trabalho” de nossos representantes, no município, no estado e no âmbito federal, estou certo que o voto nulo ou branco é uma primeira resposta que, no momento, podemos dar. Uma resposta a esses nossos “representantes”. Começar a mostrar aos mesmos que não se pode subestimar o povo, que o povo, de tanto apanhar chega ao limite. O Governo Federal, na pessoa do Presidente da República, tem a simpatia da maioria do nosso povo, principalmente da classe mais necessitada, devido aos programas sociais em curso, programas esses de caráter assistencialistas, que não estão obrigados a continuar, com o fim desse mandato. A nível municipal, as eleições estão colocadas. Próximo ano. E é nesse momento, tendo em vista o trabalho desenvolvido pelos nossos “representantes” na Prefeitura e na Câmara Municipal, que estamos propondo O VOTO NULO ou EM BRANCO como forma de protesto, acreditando que a indignação dos eleitores tenha aumentado. O objetivo é aumentar o número de votos nulos, ao ponto desse percentual ser maior que os de votos válidos. (Tarefa difícil e polemica, ou seja, usar de uma arma que sempre condenamos (VOTO NULO), para construir novos caminhos), isso, por falta de cidadãos sérios que queiram assumir um mandato eletivo. Assim, vai uma indagação para todos os eleitores do Município de Uibaí, para refletir e ajudar na definição de seu voto até as eleições: Pelo que fizeram e estão fazendo em prol do Povo e do Município de Uibaí, você repetiria seu voto no PREFEITO ou nos VEREADORES DE NOSSO MUNICÍPIO, sabendo que a maioria dos Vereadores, aí colocados, já está com mais de um mandato eletivo?
Gostaria de lembrar, também, que atualmente o salário de um Vereador de Uibaí é de aproximadamente R$ 2.000,00 multiplicados por quatro anos de mandato, incluindo aí o décimo terceiro salário, teremos 52 meses o que equivale a R$ 104.000,00 (Cento e quatro mil Reais), para desenvolver todo esse trabalho que vocês estão presenciando.
Se a resposta for sim, tudo bem. Mas se a resposta for não, vista essa camisa e defenda o VOTO NULO OU EM BRANCO, tanto faz. A proposta e abrir uma discussão em relação ao modelo de representação política e de representantes que queremos.
Rui Oiveira Machado
A DISILUSÃO COM A POLÍTICA
O déficit de quadros éticos, competentes, com visão republicana e experientes dispostos a ingressar na vida pública no Brasil, seja para ocupar cargos relevantes de livre provimento no Executivo, seja para disputar mandatos no legislativo ou no executivo, é preocupante. Se considerarmos que os problemas da pobreza e da desigualdade não têm solução fora da política, a situação se agrava ainda mais.
Quatro razões dificultam o recrutamento de quadros qualificados para a política. O primeiro e principal é o custo de imagem. O segundo é a desconfiança e o risco de futuros processos. O terceiro é o fato inconteste de que o governo paga mal. O quarto é que a imprensa só destaca os aspectos negativos.
Os custos de imagem e o medo de traumas por acusações infundadas afastam dos partidos e, principalmente, da administração pública quadros da academia, executivos do setor privado, empresários e sindicalistas, enfim, gente preparada e bem-intencionada que poderia contribuir para o aperfeiçoamento das políticas públicas.
O rigor de controle interno, que assusta os ordenadores de despesas, combinado com a desconfiança generalizada em relação aos agentes públicos, que leva à invasão da vida privada, inclusive com a quebra de sigilos, é outro fator de desestímulo às pessoas que estão confortáveis em seus empregos ou empresas a deixá-los para ingressar na vida pública.
A remuneração no serviço público, especialmente para os cargos de alto escalão, é muito baixa comparativamente com os salários pagos no setor privado. A diária de um alto funcionário do governo não permite que ele se hospede e se alimente decentemente. Em tais condições, o exercício da função pública é um convite à corrupção.
A imprensa, que faz um trabalho fundamental para a democracia ao denunciar desvio de conduta e corrupção, não resiste à tentação sensacionalista e, em diversas situações, no afã de dar furos, tem execrado a reputação de pessoas decentes que se colocaram a serviço da administração pública. Ninguém recebe elogios
pelos acertos, mais invariavelmente ganha manchetes quando desconfiam que errou. É preciso distinguir entre os desonestos e as pessoas decentes, sob pena de criar um sentimento generalizado de que todos que vão ocupar cargos no serviço público são corruptos e desonestos.
Quando se analisam os nomes dos que se apresentaram para concorrer aos 1627 cargos em disputa em 2006 (1 de presidente, 27 governadores, 27 senadores, 513 deputados federais e 1059 deputados estaduais) fica evidente que a esmagadora maioria é de gente que já estava na vida pública, resultando numa mera circulação no poder, sem renovação real. O próximo presidente, assim como os governadores neste pleito, muito provavelmente terão enorme dificuldade em atrair bons quadros, salvo se houver mudança dessa cultura de que tudo que é público/estatal e ruim.
Antônio Augusto Queiros, diretor de Documentação do DIAP*
*Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
Que Fazer?
Ferreira Gullar
Você que mora no alheio,
Você que paga aluguel,
Que pode esperar da vida quem a compra à prestação?
Pro patrão você trabalha dia e noite sem parar.
Só então você percebe que tempo você perdeu.
Por isso meu companheiro, que trabalha o dia inteiro
pra enriquecer o patrão,
Então verás que tua vida ganha nova dimensão,
Sentirás que o mar que bate na praia não bate em vão;
O mundo ganhou sentido,