segunda-feira, 19 de março de 2007

BOCA DO CEU 21


Ano V -Out/nov/dez/2006

VERGONHA NACIONAL.

Mais uma vez somos surpreendidos com nossos representantes no Congresso Nacional. No apagar das luzes de um final de ano e de legislatura, nossos queridos parlamentares, que passaram esses quatro anos trabalhando exclusivamente em CPI’s que os envolviam em todos os tipos de corrupção possíveis no Serviço Público e que não resultaram em praticamente nada, se autopresentearam com um aumento em seus salários próximo de 100%. Em um país com aproximadamente trinta milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, com um salário mínimo 70 (SETENTA) vezes menor que esse salário que nossos representantes perceberão a partir da próxima legislatura, onde a fome, a miséria, e a violência estão presentes em cada canto desse imenso país, era para nossa indignação ser tamanha, a ponto de estarmos todos nas ruas, nas praças, nos centros do “poder”; Congresso Nacional e nas Câmaras Legislativas de todo país, protestando e procurando inviabilizar essa pouca vergonha. Infelizmente as coisas ainda não aconteceram, e o povo assiste passivo aos desmandos de seus representantes. Até quando? Como transformar esse sentimento de indignação presente nesse momento na sociedade em manifestações de rua? Em luta pela moralidade, pela ética? Hoje o Congresso Nacional é uma das instituições com menor credibilidade junto à sociedade, mesmo assim, fazem o que querem, e no período eleitoral, estão de volta às ruas, (apenas nesse momento fazem esse imenso esforço) e o povo vai às urnas cheios de esperança e orgulho, para momentos depois serem traídos. No próximo período eleitoral estarão lá de novo, é um círculo vicioso, vota-se automaticamente sem parar sem pensar. Nesse final de ano, onde paramos alguns poucos minutos para refletir e desejar boas novas para todos, devemos refletir, também, sobre nossos direitos e deveres como cidadão. Devemos refletir sobre a política, sobre a religião, sobre a bondade, sobre a maldade, sobre a pobreza, sobre a riqueza, sobre a paz, sobre a guerra, sobre todas essas dualidades existentes, quem sabe assim, no próximo ano conseguiremos iniciar a construção de um mundo melhor e de uma sociedade mais justa e igualitária.
Feliz Natal e boas festas.
Rui Oliveira Machado

PS.
“Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão,, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governa-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana.” Mikhail Bakunin.


O político e o palhaço

“Grande circo Brasil; escolham seus palhaços”. este era o slogan contido nas camisetas usadas pelos estudantes da época para demonstrar a decepção gerada pela iminente vitória do candidato Fernando Collor de Mello, sobre Lula, no pleito Presidencial de 1989. Não se sabe bem, porque circo e palhaço são termos sempre utilizados quando se quer depreciar alguém ou algo ou identificar a ausência de seriedade. “Você é um palhaço”. Dispensar este tratamento a alguém é menosprezá-lo, provoca-lo. “Isto aqui está uma bagunça, um verdadeiro circo”. É uma maneira de se dizer que algo está errado, que a seriedade não existe. Na realidade é uma injustiça, porque nenhuma arte pode ser considerada mais respeitável que a arte circense e nenhum personagem mais sério que o palhaço.
Em 1989 porém, não se percebia, ainda, que as vítimas do nosso protesto não eram os políticos, o Brasil e nem as eleições. Os ofendidos, na realidade, eram o palhaço, o circo e o espetáculo. “Grande circo Brasil, escolham seus palhaços”
Mas que relação poderia haver entre país, políticos, eleições e circo, palhaços e espetáculo? O país é um grande palco onde milhões de artistas equilibram-se na corda bamba do dia-a-
dia, comem fogo, fazem malabarismo com moedas, domam os leões, penduram-se no trapézio da vida depois sorriem, dançam e batem palmas.
Assim também é o picadeiro; e, como no país, seus artistas nascem, vivem, e morrem, “na lona”. O palhaço é um ser que, apesar de seus traumas e angústias, traveste-se de alegre e feliz para oferecer-se como objeto do nosso riso. O político também traveste-se; só que astuto e interesseiro, finge-se de “santo” para merecer o nosso endosso e depois trair a nossa fé. E o espetáculo? Ah o Espetáculo! O inesquecível “respeitável público!!”, que nos leva ao delírio, que acende a adrenalina, que acelera o pulso, que resgata a criança adormecida em nós, de olhos presos no picadeiro, pipoca na mão e sonhos a viajar. Ah! O espetáculo.
Espetáculo também é o momento eleitoral. Qual candidato? Qual partido? É a festa de bandeiras, cores e ideologias. É o voto de mudança, é o novo, mesmo que nada de novo, é um novo momento. Hora de tomar nas mãos a construção do novo tempo. Hora de sonhar.
Mas ...e o político, aquele palhaço?
Ah, esqueçamos!
Edme Oliveira Machado

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