segunda-feira, 19 de março de 2007

BOCA DO CEU 18

Ano VI-Jan/fev/mar/2006

ACABOU !!!

O Partido dos Trabalhadores nesses três anos e meio ao contrário do que pregou em toda sua existência, enveredou por um caminho que durante seus vinte e cinco anos de existência criticou: o caminho da corrupção, da falta de ética, da mentira, ou seja, das práticas mais condenadas pela grande maioria de seus militantes. Tentei resistir a idéia de que o partido não tem mais jeito, mas infelizmente essa resistência chegou ao fim. Filiei-me ao PT logo no seu nascimento, no inicio dos anos 80. Militei na medida do possível sempre acreditando que era esse o partido que defendia uma sociedade mais justa, mais igualitária, partindo de princípios socialistas largamente estudados e defendidos por seus principais idealizadores e militantes. O partido conseguiu manter a sua linha política pouco mais de uma década. A partir daí sua meta principal foi a chegada ao poder a qualquer custo. Primeiro com as administrações municipais, onde o leque de alianças passou a incluir agremiações partidárias com princípios ideológicos completamente diferenciados dos defendidos. Em seguida as administrações estaduais seguindo a mesma linha política. Nesse período o partido começa a defender não mais uma proposta de ruptura com o modelo neoliberal, e sim uma via alternativa de chegada ao poder a qualquer custo. A ala majoritária do partido sempre defendeu esses princípios, ou seja, que os meios justificam os fins. As outras facções mais à esquerda do partido em sua grande maioria defendem ou defendiam a ruptura com esse sistema. Acreditavam e ainda acreditam (o que torna o fato mais grave) que estando no poder um partido nascido dentro de uma ideologia socialista, poderia, pelo menos iniciar os caminhos para a ruptura. Ledo engano. O fortalecimento do neoliberalismo foi intensificado, e hoje o que se vê é um partido completamente esfacelado, onde a maioria de seus parlamentares e dirigentes lutam com unhas e dentes para manter privilégios antes condenáveis. A única agremiação política criada após um longo período de ditadura, que poderia dar um rumo mais sério ao país acabou do ponto de vista ideológico. Existe, ainda, como uma organização qualquer defendendo projetos corporativos em benefício de alguns poucos que se revezam no parlamento e dentro da estrutura governamental. Estamos hoje a poucos meses do processo eleitoral sem uma opção política viável. O critério de votação não é mais ideológico como antes defendido, o partido, como os outros existentes defendem as mesmas bandeiras antes criticadas: bandeiras do nepotismo, do fisiologismo, do corporativismo, etc., exceto o PSOL, PCO e o PSTU, partidos dissidentes do PT, com grandes dificuldades de organização e mobilização. Infelizmente, como milhares de militantes, não poderei votar em um projeto político que acreditava, e ainda acredito, por falta de uma agremiação partidária que os defenda. Como milhares de eleitores, vou votar em indivíduos, acreditando que ainda exista na figura de uns poucos cidadãos a esperança da construção de uma sociedade mais justa.
Rui Oliveira Machado

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