segunda-feira, 7 de novembro de 2011

BOCA DO CEU 35



Ano X - Abr/Mai/junb/2010

FICHA LIMPA

Com a aprovação do projeto Ficha Limpa, existe uma grande chance de se ter uma renovação considerável na política nacional. É bom deixar claro que a maioria dos parlamentares das duas casas, usou de diversos artifícios para que o mesmo fosse engavetado, não conseguindo, por força da pressão popular, partiram para a transformação do mesmo em mais um arremedo. Mesmo assim valeu a pena lutar e mostrar que o povo brasileiro, mesmo segundo pesquisas, satisfeito com o atual governo, não está passivo e se preciso vai à luta.

Como é de nosso conhecimento, a maioria dos municípios brasileiros são administrados por políticos que estão em sua grande maioria enrolados com processos junto ao TCE (Tribunal de Contas do Estado), ou no TCU (Tribunal de Contas da União), fato que inviabiliza as suas candidaturas. Nos estados o mesmo também acontece. Caso o projeto passe, a partir dessas eleições, já teremos figuras históricas com problemas para se lançarem candidatos, a exemplo do Sr. Paulo Salim Maluf, Jader Barbalho, Joaquim Roriz para citar apenas alguns. No município de Uibaí, como na maioria dos mais de quatrocentos existentes só na Bahia pode-se ficar até sem candidatos, pois os prefeitos e vereadores que por lá passaram, são como diz o ditado popular: pombos sujos, todos com processos pendentes em algum tribunal.

O projeto está para ser sancionado pelo Presidente Lula que não deve vacilar em aplicar a canetada, já que o projeto é de origem popular e teve 1.600.000 (um milhão e seiscentas mil assinaturas), e mais alguns milhões virtuais, assim vetar o projeto seria um tiro no pé, ou melhor, na candidatura de Dilma. Assim, mesmo que muitos pré-candidatos a cargos proporcionais da base de sustentação do governo fiquem prejudicados, o foco e não atrapalhar a sua, já dita como certa sucessão. É esperar e torcer para que esse projeto, mesmo não sendo ainda o que queremos, seja sancionado.

Rui Oliveira Machado.

TEOLOGIA MORAL DA MANGA

O velho caipira, com cara de amigo, que encontrei num Banco, estava esperando para ser atendido. Ele ia abrir uma conta. Começo de um novo ano... Novas perspectivas...E como não podia deixar de ser, também começou ali um daqueles papos de fila de banco. Contas, décimo terceiro que desapareceu, problemas do Brasil, tsunami... Será que vai chover?

Mas em determinado momento a conversa tomou um rumo: "- Qual é então o maior problema do Brasil para ser resolvido? "E aí o representante rural, nosso querido "Mazaropi da modernidade" falou com um tom sério demais para aquele dia:

" - O Maior Problema do Brasil é que sobra muita manga!"

Tentei entender a teoria... Fez-se um silêncio e ele continuou: “- O senhor já viu como sobra manga hoje debaixo das árvores? Já percebeu como se desperdiça manga? "Sim... Creio que todos já percebemos isto... Onde tem pé de manga, tem sobrado manga... E Aí ele continuou:

" - Num país onde mendigo passa fome ao lado de um pé de manga... Isso é um absurdo! Num país que sobra manga tem pouca criança. Se tiver pouca criança as casas são vazias... Ou as crianças que tem já foram educadas para acreditar que só "ice cream" e jujuba são sobremesas gostosas. Boa é criança que come manga e deixa escorrer o caldo na roupa... É sinal que a mãe vai lavar, vai dar bronca, vai se preocupar com o filho. Se for filho tem pai...

Se tiver pai e manga de sobremesa é por que a família é pobre... Se for pobre, o pai tem que ser trabalhador... Se for trabalhador tem que ser honesto... Se for honesto, sabe conversar... Se souber conversar, os filhos vão compreender que refeição feliz tem manga que é comida de criança pobre e que brinca e sobe em árvore... Se subir em árvore, é por que tem passarinho que canta e espaço para a árvore crescer e para fazer sombra... Se tiver sombra tem um banco de madeira para o pai chegar do trabalho e descansar...

Quem descansa no banco, depois do trabalho, embaixo da árvore, na sombra, comendo manga é por que toca viola...

E com certeza tá com o pé na grama... Quem pisa no chão e toca música tem casa feliz... Quem é feliz e canta com o violeiro, sabe rezar... Quem sabe rezar sabe amar... Quem ama, se dedica... Quem se dedica, ama, reza, canta e come manga, tem coração simples...

Quem tem coração assim, louva a Deus. Quem louva a Deus, não tem medo... Nada faltará porque tem fé... Se tiver fé em Deus, vê na manga a providência divina... Come a manga, faz doce, faz suco e não deixa a manga sobrar... Se não sobra manga, tá todo mundo ocupado, de barriga cheia e feliz. Quem tá feliz... Não reclama da vida em fila do banco... "

Daí fez-se um silêncio...

(((Rubem Alves)))

"Simplicidade é a sofisticação máxima." (Leonardo da Vinci).

BOCA DO CEU 37



Ano X I- Jul/ags/setb/2011

INFORMATIVO BOCA DO CEU

Após um ano sem publicações, desde julho de 2010, estamos voltando com mais uma edição de nosso informativo, o motivo da suspensão da circulação do mesmo não foi censura, felizmente esse tempo já passou, foi falta de tempo. Pretendemos agora continuar com nossa contribuição, pensando sempre na construção de um país melhor, sem qualquer tipo de discriminação, com divisão de renda, com oportunidades iguais para todos, sem corrupção, ou seja, um país mais justo. Acreditamos que estamos caminhando para isso, os tempos são outros, já passamos por momentos piores, a caminhada é extensa e dolorosa, mas o importante e sempre avançar em direção a uma sociedade mais igualitária. E acreditamos que estamos conseguindo. O Brasil melhorou, Uibaí melhorou, só não vê quem não quer ou nunca estudou nossa história pelo menos a segunda metade do século XX que está mais próximo de nós. Não está uma maravilha, como todos nós sonhamos, mas como somos lutadores vamos, a cada dia, construir e contribuir para um mundo melhor. Rui Oliveira Machado

UIBAÍ 2012

Estamos a aproximadamente quinze meses das eleições municipais para prefeito e vereadores. Os eleitores mais afoitos de nosso município já estão fazendo suas apostas. Como de costume a política municipal sempre foi um dos assuntos mais discutidos e comentados em nossa querida cidade, felizmente, isso é um fato positivo e enobrecedor para qualquer cidadão filho de Uibaí. As discussões estão direcionadas para os prováveis candidatos ao cargo majoritário. Haverá candidatos ou teremos um único concorrente? Essa e a pergunta que não quer calar. Vamos aos comentários mais fluentes em algumas rodas nas esquinas da cidade: Pedro Rocha, atual chefe do executivo tem tudo para tentar a recondução ao executivo da cidade, vejamos: tem a máquina administrativa nas mãos, faz um governo que tem aceitação de uma parcela considerável dos eleitores, é visto como um governo austero que não admite corrupção, pelo menos nos moldes dos governos anteriores, (tipo pagamento de propina), prática corrente em nosso município em tempos pretéritos. Melhorou o sistema de saúde do município, antes sucateado, fez o mesmo com a educação, construiu estradas vicinais a muito reclamadas pelos proprietários de roças, dizem que tem caixa para calçar a sede do município e alguns povoados, colocou o município adimplente podendo receber recursos do governo Federal e Estadual sem nenhum problema, etc. Assim tem tudo para ser reeleito. Como a oposição não está morta, vejamos o que está sendo comentado: Birinha, caso não esteja inelegível vem a ser uma pedra no sapato do atual prefeito, pois ainda desfruta da simpatia de boa parte do eleitorado uibaience, mas depende de apoios de caráter financeiro principalmente, já que o mesmo não vai usar seus recursos em uma cartada incerta, infelizmente não deixou nenhum marca positiva de sua administração. Raul, ex-prefeito derrotado por Pedro Rocha, fez alguns benefícios para a cidade e alguns povoados, mas nada significativo virou “gato escaldado”, acredita-se que abandonou sua curta temporada na vida pública. Hamilton representa um passado longínquo, deve apoiar algum candidato que lhe ofereça algum retorno, o mesmo ocorrendo com Dorival. Os vereadores hoje insatisfeitos com a administração do prefeito Pedro Rocha, que fazem ou fizeram parte da base de apoio, tendem a fazer um discurso desqualificando a administração, mas com o afunilar das discussões acabam apoiando. É o chamado fogo amigo. Já a Câmara de Vereadores, infelizmente tem tudo para permanecer como está, se houver alguma renovação não será significativa, pois todos trabalharam para conquistar mais um mandato, excetuando a vereadora Armênia que está inelegível, e hoje faz parte da base de sustentação do governo, e ainda não tem, pelo menos não se houve comentários, um candidato que venha a ocupar o seu espaço, espaço esse que pode ser interessante, desde que a mesma consiga transferir votos. É mais ou menos assim que se apresenta a conjuntura política de nosso município na análise de alguns gratos conterrâneos. Agora e só participar e esperar as eleições.

Rui Oliveira Machado

BOCA DO CEU 34

BOCA DO CÉU,INFORMATIVO POÍTICO/CULTURAL



Ano X/Jan/Fev/Mar/2010

E O VOTO?

Estamos em mais um ano de eleições. Eleições em nível nacional que envolve os seguintes cargos: Presidente, Governadores, Senadores, Deputados: federal e estadual. Há algum tempo atrás estaria defendendo o voto em candidatos honestos e éticos, de preferência pertencentes a partidos que tivessem em seus programas a luta pela implantação de um sistema de governo com ideais Socialistas. Ainda defendo o Socialismo como forma de governo e candidatos honestos e éticos, acredito, também, que, em alguns partidos, com certa dificuldade, é claro, ainda se encontra parlamentares que defendam esses ideais.

Infelizmente esses partidos, para chegarem ao poder, fizeram coligações com o que existe de mais reacionário dentro do que chamamos política partidária. Misturaram-se tanto que hoje, não temos nenhum que defenda essa forma de governo. Apesar de ainda manterem seus programas com linha socialista, apenas para manter o falso discurso.

Assim, o voto que ainda continua sendo uma das mais importantes armas que dispomos, deve ser usado de forma correta, principalmente em uma sociedade capitalista,

onde as diferenças sociais são enormes, e os interesses são ainda maiores. Como não temos partidos ideológicos, que trabalhe por uma sociedade mais justa, temos que a cada eleição tentar encontrar candidatos que pelo menos tenham alguma coisa em comum com nossas idéias: que pensem em construir um mundo melhor, com menores diferenças. Sabemos que na atual conjuntura é difícil encontrar cidadãos dentro de algum partido político preocupado com isso, mas não custa procurar, se não encontrarmos temos outras formas de exercer nosso direito de voto. O voto nulo, o voto em branco, e até não comparecer perante a urna. São maneiras de exercer a “democracia”, se o voto é apenas uma das mais importantes armas que temos, precisamos urgentemente procurar trabalhar mais as outras armas que possuímos. Fiscalizar o judiciário, o executivo, o legislativo de nosso município, do estado, do país, denunciando as irregularidades, fiscalizar, participar e contribuir nas decisões que envolva educação, saúde, planejamento social, execução de obras, propondo, colaborando, tentando evitar falcatruas, desmandos, corrupção, etc, são armas que nos dão possibilidades de exercer o direito de cidadão e contribuir para um mundo melhor. Rui Oliveira Machado

MÊS DAS MULHERES

Comemorou-se no último dia 08 de março o Dia Internacional da Mulher, na verdade dia de mulher é todo dia, já que as companheiras trabalham de sol a sol, no campo, na cidade, dentro e fora de casa, e ainda por cima com direitos em sua grande maioria negados.

Felizmente com a luta dessas grandes guerreiras as coisas estão mudando, já temos diversas Delegacias Especializadas em Violência contra a Mulher, temos, em qualquer área, mulheres trabalhando de igual para igual com os homens e em muitos casos superando-os, mas, em uma sociedade machista, como é a nossa, ainda falta muito para pelo menos amenizar o sofrimento dessas valorosas companheiras. Quando avançamos no campo das oportunidades na educação, no trabalho, na igualdade dos direitos, avançamos desordenadamente na violência, na discriminação, no assedio, na falta de respeito, na independência sexual e muitas outras maldades que são praticadas a todo instante. *Notícias sobre violência contra a mulher rotineiramente são apresentadas nos veículos de informação. Segundo dados estatísticos, a cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil. O despertar para o combate à violência contra a mulher ainda se encontra muito discreto, tanto pelo medo da exposição como pela limitação em reconhecer que a violência não é caracterizada só por tapas e porradas.

Nesse mês onde se comemora o Dia Internacional das mulheres, nós homens, precisamos fazer uma autocrítica, parar e pensar como está nosso relacionamento com as companheiras: estaremos sendo machistas, discriminadores, violentos, traidores, etc, etc, etc, etc,...? Como podemos contribuir para mudar esse quadro? Quem sabe assim poderemos trabalhar juntos para a construção de uma sociedade mais justa, onde não seja preciso estabelecer um dia para lembrar que devemos respeitar nossas companheiras.

Rui Oliveira Machado.

* release da peça “AMANHECEU” Espetáculo solo de Juliana Bebé..

RICOcartuns

BOCA DO CEU 33

BOCA DO CÉU,INFORMATIVO POÍTICO/CULTURAL



Ano IX/Out/Nov/Dez/2009


FIM DE ANO.

Chegamos ao final de mais um ano. Esse ano foi para a comunidade de Uibaí, de muita expectativa. Depois de décadas sendo administrada por um único grupo político, ou melhor, com uma mesma orientação política, assumiu no início do ano uma nova administração com promessas de mudanças na forma de governar.

Realmente tem-se outro formato de administração no município. As coisas estão acontecendo com mais transparência, a prefeitura não conta mais com aquelas “romarias” de pedintes, a cidade está mais limpa, o hospital e os postos de saúde funcionando de forma satisfatória, as escolas na sede e nos povoados bem mais cuidadas, as edificações pertencentes ao município sendo recuperadas e utilizadas decentemente, a ligação Uibaí/Irecê melhor pavimentada. Melhorou? Sim, claro que melhorou, mas falta ainda muita coisa.

Vamos para algumas: asfaltar o “cascalho”, recuperar as praças, o mercado, o banheirão, etc., isso falando só na parte de infra estrutura e saneamento; partindo para a parte político/administrativa, são duas as mais cobradas e comentadas pela

comunidade: avaliação e mudança no secretariado, (leia-se Secretaria de

Administração e Finanças) avaliação e mudança na segurança pública (leia-se o Sargento comandante e seu irmão lotado na

prefeitura), Uibaí não precisa desse tipo de gente. São pessoas que ninguém conhece, nunca contribuíram em nada para nosso município, caíram de pára-quedas em nossa cidade.

No mais, tenho esse ano de 2009, como um ano proveitoso para nossa comunidade. Acredito e faço votos, para que o próximo seja melhor.

Feliz ano novo para todos.

PS. E aquelas reuniões nos terreiros para discutir os problemas da sede e dos povoados? Não seria importante retomarmos? Rui Oliveira Machado

QUEM NÃO GOSTA DO BOLSA-FAMÍLIA?

Por Marcos Coimbra*, no blog do Noblat

Será que alguém imagina que a interrupção avisada de um benefício favorece o governo na eleição? Que o fato de 1,4 milhão de famílias saberem que perderão um rendimento vai fazer com que votem em Dilma? É impressionante a má vontade que parte da imprensa tem com o Bolsa Família. Vira e mexe, alguém encontra um motivo para criticá-lo, tenha ou não fundamento. Quando acha que descobriu algo relevante, aproveita para externar sua antipatia em relação ao programa, quando não seus preconceitos contra os beneficiários. No último fim de semana, uma das mais importantes revistas de informação trouxe uma matéria típica dessa visão. Nela, ao questionar o que, em uma primeira impressão, parece uma decisão condenável do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que o administra, fica evidente a hostilidade que é dirigida ao programa, levando a interpretações infundadas e equivocadas. Ninguém é obrigado a gostar do governo e é natural que existam órgãos de imprensa que se posicionem contra ele por motivos ideológicos. No mundo inteiro, isso acontece e é até salutar que tenhamos jornais e revistas com clara inclinação política e partidária. O problema é que, às vezes, a circulação dessas matérias vai além da publicação de origem. Com a internet, algo escrito aqui está ali em um piscar de olhos, deixando menos nítida sua autoria. Como determinado texto aparece em inúmeros lugares, parece que tem uma espécie de reconhecimento universal, que todos o subscrevem. Foi o que aconteceu com a matéria em questão. Os mais prestigiosos blogs a republicaram, como que a endossando. Ela logo virou uma quase verdade. Seu fulcro é a crítica à concessão de um novo prazo de carência para a exclusão de cerca de 5,8 milhões de pessoas da cobertura do programa, seja por não cumprimento da obrigação de se recadastrar, seja pela elevação da renda familiar para além do limite de R$ 140 per capita. Elas seriam excluídas em novembro passado, mas, com a prorrogação, só o serão em 31 de outubro próximo. Em função disso, a revista se sentiu autorizada a chamar o programa de "Bolsa Cabresto", como se a data fixada no ato do MDS fosse evidência suficiente de suas intenções eleitorais. Dado que 31 de outubro é o dia marcado para o segundo turno da eleição presidencial, estaria confirmado e provado o caráter eleitoreiro do programa. A coincidência "nada sutil" das datas explicaria tudo. É realmente curiosa a tese. Será que alguém imagina que a interrupção avisada de um benefício favorece o governo na eleição? Que o fato de 1,4 milhão de famílias saberem que perderão um rendimento vai fazer com que votem em Dilma? Seria algo totalmente inédito, que desafia a lógica mais banal: alguém ter mais votos quando promete que vai eliminar um benefício e ainda marca o dia (pensando nisso, será que o comando da campanha da ministra atentou para a medida?). O esdrúxulo argumento vem embrulhado com dados inexatos e ilações mal sustentadas. Tudo no Bolsa Família é inflado para parecer maior e pior. A matéria afirma que "um em cada quatro brasileiros passou a ser sustentado pelo governo" (sugerindo que através do programa), enquanto se sabe que são 12,4 milhões as famílias beneficiárias (em um total de 60,9 milhões apuradas pela última Pnad), das quais o benefício não chega a "sustentar" nem um terço. A "prova" que o programa seria um "poderoso cabo eleitoral" é extraordinária. Viria de um estudo que mostra que "a cada R$ 100 mil deixados pelo programa em municípios de mil habitantes" teria correspondido um acréscimo de 3% de votos para Lula nas eleições de 2006. Será que a revista sabe que só existem 103 municípios no Brasil (em um total de 5.565) desse porte (menos que 2 mil habitantes)? Que neles vivem apenas 158 mil eleitores (em um total de mais de 130 milhões), que representam 0,0012% do eleitorado brasileiro? Que o voto nominal total para presidente nesses municípios ficou perto de 125 mil? Ou seja, que esses números dizem, na verdade, que a propalada influência do programa é insignificante? Para corroborar a idéia de que o Bolsa Família é o "Bolsa Cabresto", foi ouvida a opinião de um cientista político, para quem ele seria pior que o que faziam os "antigos coronéis": "(Eles) pelo menos aliciavam votos com o próprio dinheiro. O governo atual faz isso com dinheiro público". Primeiro, o poder dos antigos coronéis não vinha do dinheiro, mas do mando local. Segundo, é isso mesmo que acham os opositores do programa, que ele apenas alicia votos com recursos públicos? Ou seja, que deveria ser encerrado e terminado, a bem da moralidade? Enquanto for assim concebido por quem não gosta de Lula, do PT e do governo, mais o Bolsa Família ficará com a cara daqueles que o defendem. Criado em administrações tucanas e largamente ampliado e melhorado pelo governo Lula, é pena que isso aconteça. O programa deveria ser um patrimônio do país.

(*) Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

BOCA DO CEU 32

BOCA DO CÉU,INFORMATIVO POÍTICO/CULTURAL



Ano IX/Jul/Ago/Set/2009

UIBAÍ E AS OPOSIÇÕES.


Uibaí, desde sua emancipação há 48 anos, sempre conviveu com a oposição. Acredito que nem o primeiro prefeito teve unanimidade, e isso é bom, pois nem toda unanimidade representa o melhor. Na maioria das eleições houve mais de um candidato. Um da ARENA (Aliança Renovadora Nacional) outro do MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Partidos não ideológicos, já que os com viés ideológico estavam na ilegalidade, a exemplo do PC do B, PCB, PSB. Com o fim do bipartidarismo e a “abertura política”, no início da década de 1980 surge o Partido dos Trabalhadores. Com uma proposta mais ideológica, voltada para ideais socialistas, foi defendido na maioria dos municípios onde viria a ser fundado, por estudantes, parte da igreja católica e trabalhadores rurais. Em nossa cidade essa oposição cresceu, fez representantes na Câmara municipal, mas só nas eleições do ano 2000, conseguiria disputar com chances potenciais de vitória. Foi “derrotada” nas duas primeiras eleições, 2000 e 2004, só chegando à vitória em 2008.

Hoje, com menos de um ano de mandato já se vê em nosso município, pelo menos duas linhas de oposição ao atual governo: “uma primeira”, como era de se esperar, composta pelos derrotados no último pleito. Apresentam como alternativa política para o município as mesmas propostas e os mesmos candidatos que “governaram” durante as últimas três décadas, propostas e candidatos que o povo já conhece e acredito que não quer tê-los novamente no comando de nossa cidade.

A “segunda linha opositora” é completamente diferente das que existiram tradicionalmente em nosso município, por ter em sua grande maioria cidadãos que contribuíram para a eleição da atual administração, que sabiam da dificuldade de agasalhar sob o mesmo “guarda chuva” o elo de alianças feitas para chegar ao poder. Alianças difíceis de serem digeridas por todos que trabalharam desde o início da primeira campanha.

Essa “segunda linha opositora” não tem, no momento, organização suficiente para fazer uma oposição ideológica baseada em princípios socialistas, como sempre procuraram fazer e que seria o ideal. Assim, ou luta unida para tentar construir, com o que tem uma Uibaí mais justa, sem corrupção, sem nepotismo, sem fisiologismo, ou entrega no próximo pleito a administração aos que sempre defenderam essas práticas. Não pode ficar simplesmente na crítica, sem avaliar o que há de diferente entre essa administração e as anteriores. Quais foram os avanços e os retrocessos desse primeiro ano de governo.

Porque não propor um seminário, encontro ou reunião para discutir esse primeiro ano de governo? Fez-se isso para construir, pode-se fazer o mesmo para avaliar.

Não podemos esquecer que essa “oposição” trabalhou para eleger essa atual administração, e como cidadãos, são também responsáveis pelos destinos de nosso município. Sabemos da existência de muitos problemas: administrativos, financeiros, políticos etc. poderíamos discutir esses problemas na perspectiva de contribuir para construção de uma administração, que possa vir a ser um diferencial nessa primeira década do século XXI. Um sonho de todos nós.

Rui Oliveira Machado

CONCURSO PÚBLICO

Uibaí já vai para o seu segundo concurso público no período de dois mandatos. O primeiro na administração do Prefeito Raul, e o segundo, agora na gestão de Pedro Rocha. Não sei como estão sendo elaborados esses concursos, quais as empresas, ou seja, os trâmites burocráticos, as empresas, etc., O importante é que essa prática democrática, apesar dos problemas, está presente em nosso município. Precisa, sim, ser melhor acompanhada e fiscalizada, para que todos concorram no mesmo patamar.

Com o concurso, chegam também, avanços como a organização dos trabalhadores do serviço público em sindicatos, já que esses não estão mais expostos aos desmandos de políticos interesseiros que fazem da administração pública cabide de empregos para seus apadrinhados. Uibaí já fundou o seu. Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais de Uibaí (não sei se o nome e esse), e com a aprovação na Câmara Federal da Convenção 151, que dá direito aos trabalhadores do setor público à Negociação Coletiva, faltando o Senado aprovar, acredito que o projeto principal, nesse momento, e o fortalecimento do Sindicato, através da organização dos trabalhadores.

Os baixos salários, as péssimas condições de trabalho, o assédio moral, sexual, etc., são práticas constantes dentro do serviço público, principalmente nos pequenos municípios. Esse é o momento que o movimento sindical precisa tomar pé dessas questões e atuar de forma coletiva. Isso exige organização, conscientização, mobilização para cobrar junto ao Executivo municipal os direitos de seus representados. Não devemos esquecer que patrão é patrão em qualquer lugar, e um dos papeis do patrão é “administrar recursos”. Para administrar são definidas as prioridades, e os trabalhadores, infelizmente não são prioridades para nenhum patrão. A partir de agora, quem representa os trabalhadores públicos municipais de Uibaí é o seu Sindicato, ele está aí para construir junto com os trabalhadores uma nova política de relacionamento com o Poder Executivo. Não uma política do “tomo lá dá cá”, mas uma política baseada na discussão do orçamento municipal, na perspectiva de chegar à elaboração de um Plano de Cargos e Carreira para o conjunto de trabalhadores do nosso município. Acredito que esta seja um dos principais desafios para os trabalhadores do serviço público de nossa cidade. Um novo tempo está surgindo em Uibaí. Precisamos estar preparados. Vida longa a esse Combativo Sindicato.

Rui Oliveira Machado

BOCA DO CEU 30

BOCA DO CÉU,INFORMATIVO POÍTICO/CULTURAL



Ano IX/Jan/Fev/Mar/2009

SOCIALISMO

O que houve com os ideais socialistas de uma geração de trabalhadores nascidos no final dos anos 50 e início dos anos 60 em nosso país? Período de grande militância, quando da “abertura política” após a queda do regime Militar; essa geração que na época estava por volta dos vinte anos de idade, encantada com as grandes lideranças que reapareciam do exílio para junto com muitos outros intelectuais falar de uma sociedade mais justa sem exploradores nem explorados, onde o homem podia viver dignamente sem a ameaça da usura e do lucro imposto através da exploração dos mais “fracos”. A criação do Partido dos Trabalhadores, (PT) da Central Única dos Trabalhadores, (CUT), dentre outros instrumentos, que dariam sustentação na organização da luta por uma sociedade mais igualitária estava em plena ascensão. O país borbulhava. O movimento sindical tomava corpo e os trabalhadores se organizavam: passeatas, comícios, manifestações sociais em diversos setores, etc., era o caminho para chegar ao poder pelas mãos do povo e iniciar a socialização do país.

Após anos de muitas lutas chegou-se ao poder. Um governo formado em sua grande maioria por cidadãos que eram nossas referências enquanto defensores do socialismo. A nata da esquerda organizada, cidadãos criados e trabalhados dentro de uma ideologia socialista com experiência acumulada na estruturação e organização dos mais importantes movimentos sociais reivindicatórios de nossa história e que

jamais passaria por suas cabeças o poder pelo poder.

Trinta anos já se passaram de “abertura política”. O país diferencia-se a cada governo que assume e envereda por um caminho nunca sonhado por essa geração de militantes “socialistas”: o primeiro governo civil após o regime militar o Sr. José Sarney, foi criado dentro do próprio regime; Collor/Itamar, foi o fracasso assistido por todos; o país governado por FHC, em seu primeiro mandato, foi diferente dos anteriores em sua “administração”, como também foi diferente do seu segundo mandato. o país governado por Lula em seu primeiro mandato foi diferente dos anteriores em sua “administração”, e seu segundo mandato também está sendo diferente do primeiro. Todos esses governos avançaram em relação aos governos militares, todos fizeram investimentos nas áreas sociais, o mínimo que lhes garantissem fazer seu sucessor ou mesmo reeleger-se. São táticas camaleônicas, mudanças superficiais aplicadas em determinados momentos com um fim pré-estabelecido. Todos esses governos, e os próximos que vierem dentro desse modelo capitalista, terão algumas diferenças na forma de “administrar” o país, mas as intenções e os projetos são todos de caráter restrito beneficiando sempre uma minoria que comanda esse país há centenas de anos. Essa avaliação pode ser feita, também, em nível internacional. Os problemas enfrentados nos países subdesenvolvidos são os mesmos em qualquer continente. Na América Latina, onde estamos inseridos, a violência urbana é latente, a corrupção envolvendo o patrimônio público é uma constante, a exclusão social não se diferencia, e a política adotada é a mesma: os lucros são abocanhados por uma minoria privilegiada e os prejuízos socializados com a classe trabalhadora, ou seja, a maioria marginalizada. Capitalismo e isso. Pequenas ilhas de prazeres, cercadas por bolsões de miséria. Felizmente tudo tem limite: esses bolsões começam a ficar inquietos. Os índices de criminalidade aumentam a cada dia. A violência não escolhe classe social: é o desespero tomando conta do povo oprimido. O Brasil está em guerra civil constante nessas últimas décadas e o povo, não demora a descobrir com quem e contra quem deve lutar na construção de uma sociedade mais justa. Sempre foi assim. As grandes revoluções com mudanças estruturais profundas só se viabilizaram, infelizmente, com a luta armada. Mudanças estruturais pacíficas, não existem, sistema capitalista moderno, avançado, etc., muito menos. Capitalismo é explorador e explorado em qualquer lugar do mundo.

Mas, e os ideais socialistas tão defendidos por essa geração? Segundo alguns “companheiros” esse negócio de ideologia não cabe mais. Acreditam que existem várias formas de Capitalismo e que o Brasil tem tudo para implementar um dos mais avançados modelos, inclusive com inclusão social. Defendem os programas sociais existentes: bolsa família, bolsa escola, cotas, etc., como sendo a solução mais viável para a concretização de uma sociedade mais justa. É, realmente, o “poder tem seus encantos”, conseguiu aniquilar de vez toda uma geração de cidadãos empenhados de corpo e alma na construção de um pais socialista, apenas com alguns poucos anos no “poder”, poder esse dividido humildemente com seus algozes de um passado recente.

ARRUMANDO A CASA

Passaram-se três meses de uma nova administração em nosso município. Sei que ainda é muito pouco tempo para se fazer uma avaliação, mas acredito que devemos acompanhar de perto essa administração que veio com uma proposta significativa de mudança no trato com o dinheiro público, como também ações voltadas para as questões de cunho social mais urgente. Penso que está faltando nesse final de trimestre uma apresentação por parte da prefeitura da situação em que as diversas secretarias existentes na administração passada foram encontradas: saúde, educação, cultura/esporte, finanças, planejamento, etc., o cidadão precisa saber e é também uma forma da atual administração ter uma radiografia do momento em que assumiram. Segundo fontes não oficiais as Secretarias de Saúde, Educação, Finanças, Administração, etc., estavam completamente sucateadas.

Hoje algumas secretarias como a de Educação, de Saúde, de Finanças, secretarias que a população está mais atenta, por estarem mais diretamente em contato, já apresentam alguns resultados: levantamentos foram feitos na Secretaria de Educação no que diz respeito aos imóveis utilizados como escolas nos diversos povoados. Infelizmente em sua grade maioria estão abandonadas e sucateadas, inviabilizando o início das atividades escolares em algumas, por necessitarem de reforma geral. O Hospital Municipal foi encontrado entregue às moscas, hoje pode ser utilizado pela população local, com a presença de um bom quadro de recursos humanos. Os Postos de Atendimento já foram, em grande parte, reativados; a Secretaria de Finanças vem executando um levantamento criterioso, detectando as diversas irregularidades encontradas na utilização do dinheiro público, para as devidas providências. A limpeza e coleta de lixo estão sendo realizadas diariamente na cidade e nos povoados.

Tudo isso que está acontecendo em nosso município é obrigação do poder público. Ainda é muito pouco, mas já é um começa. A cobrança se faz necessária, a todo o momento. Devemos sim, reconhecer as dificuldades encontradas, mas nosso município tem todas as credenciais para ser uma referência de administração nessa região. Temos, acredito que pela primeira vez á frente de nosso município, em sua esmagadora maioria, cidadãos sérios e com disposição de contribuir para a melhoria de nossa cidade.

Mas não devemos abrir a guarda. Sabemos que uma laranja podre no meio de uma carrada pode levar a carga ao lixo. Assim, se em algum momento os interesses coletivos forem deixados em prol dos individuais, devemos estar prontos para denunciar e cobrar. Como diz o ditado: “o mesmo pau que dá em Chico, dá em Francisco”.

Rui Oliveira Machado.

UM “PAC” COM DILMA

Cordel de Miguelzinho de Princesa, direto do Cariri.

I-

Quando vi Dilma Roussef

Sair na televisão

Com o rosto renovado

Após uma operação

Senti que o poder transforma:

Avestruz vira pavão.

II-

Repente ela virou

Namorada do Brasil:

Os políticos, quando a vêem

Começam a soltar psiu

Pensando em 2010

E em bilhões que ela pariu.

III-

A mulher que era emburrada

Anda agora sorridente

Acenando para o povo

Alegre mostrando o dente

E os baba-ovos gritando:

È Dilma pra presidente!

IV-

Mas eu sei o que o olho grande

Está mesmo e nos bilhões

Que Lula botou no PAC

Pensando nas eleições

E mandou Dilma gastar

Sobretudo nos grotões.

V-

Senadores garanhões

Sedutores de donzelas

E deputados gulosos

Caçadores de gazelas

Enjoaram das modelos

Só querem casar com ela.

VI-

Também quero uma lasquinha,

Um pedaço de poder,

Quero olhar nos olhos dela

E, ternamente, dizer

Que mais bonita que ela

Mulher nenhuma há de ser.

VII-

Eu vi um deputado

Dizendo no Cariri

Que Dilma e linda e charmosa,

Igual não existe aqui,

E é capaz de ser mais bela

Que a Angelina Jolie.

VIII-

Diz que pisa devagar,

Que tem jeito angelical

Nunca gritou com ninguém

Nem fez assédio moral,

Nem correu atrás de gente

Com um pedaço de pau.

IX-

Dilma superpoderosa:

8 bilhões pra gastar

Do jeito que ela quiser

Da forma que ela mandar!

(Sem contar com o milhão

Do cofre do Adhemar).

X-

Estou com ela e não abro:

Viro abridor de cancela

Topo matar jararaca

Apago fogo em goela

Para no ano vindouro

Fazer um PAC com ela.

BABA NA ACCU

Os velhos contra os novos

Os novos contra os velhos

Com essa idade toda

Pode dar um revertério.

Os mais novos empolgados

Querendo mostrar potência

Os mais velhos lembram logo

Da sua eterna impotência.

Com um sol de meio dia

E com o céu toda azul

A boca e os beiços secos

Feito couro de cubú

Os mais velhos vão pedindo

Ao juiz atrapalhado

O fim dessa grande festa

Ocorrida no sertão

Com medo de mais tarde

Ter que importar caixão.

Quando o juiz apitou

Foi um alívio total

Mas para a tristeza de todos

Não tem água mineral

Água só na Formosa

Uma légua de distância

O jeito é tomar cerveja

E aumentar mais a pança

Pois não sei pra quê velho

Jogar bola com criança.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Boca do Ceu 26





Ano VII- Jan/Fev/Mar/2008

ELEIÇÕES SUCESSÓRIAS EM UIBAÍ.

Estive presente alguns dias atrás há uma reunião com alguns conterrâneos, para uma breve avaliação da situação sucessória em nosso município, avaliação que já havia feito de modo pessoal, aqui mesmo no BOCA DO CEU, mas que não houve muita diferença do que conversamos. Atualmente em nosso município temos como candidatos, (com disposição política para tal empreitada) Tarcisio Rocha e Délio Alencar. Candidatos esses oriundos do Partido dos Trabalhadores. Tem o atual prefeito que também é candidato a reeleição, e pode-se ter um candidato apoiado pelo Sr. Reinaldo Braga, o que seria na minha avaliação benéfico para o candidato que venha a sair da Frente de Libertação Reconstrução de Uibaí, hoje desfalcada do PCdoB. Vejamos: O candidato, qualquer que seja, de Reinaldo Braga dividiria votos com o atual prefeito, aumentando as chances da Frente. Os dois pré-candidatos da Frente, Tarcisio e Délio, não são bons de Urna quanto Pedro Rocha, candidato da Frente nas duas ultimas eleições, mas se Pedro Rocha conseguir transferir seus votos para um dos candidatos, pode-se ter uma disputa acirrada tal qual as duas anteriores, e com perspectiva de vitória. É necessário no entanto definir o candidato. São mínimas as possibilidade de surgimento de outros nomes nesse campo. Agora é analisar o que será “melhor para o município”, ou seja: seria vantajoso nesse momento diminuir a participação na Câmara, caso Tarcísio saia candidato? A transferência de votos de Pedro Rocha para Délio teria um percentual maior do que se fosse Tarcísio? Quem são os parceiros nessa nova empreitada, o PDT, o PSTU, o PV? Será que o PT estadual vai jogar peso nessa candidatura apoiando qualquer nome do partido, ou ficará isento? São questões que foram levantadas e que deveriam ser analisadas e discutidas o mais rápido possível. Acredito que Uibaí, terá seu nome de “oposição” para disputar essas eleições, como sempre teve, infelizmente não há como fazer uma discussão ideológica por dentro de um partido político, visto que não temos mais nenhum partido “Ideológico”, (pelo menos de expressão nacional) para discutirmos outras alternativas, mas, podemos abrir uma discussão, já levantada aqui no BOCA DO CEU que é a defesa do Voto Nulo, uma alternativa em curto prazo que podemos estar defendendo, como Cidadãos, pelo menos nessa próxima eleição para Prefeito e Vereador. Seria uma demonstração de indignação de pelo menos uma parte do povo de Uibaí, que serviria de referencial para um trabalho mais consistente na perspectiva de construção de uma verdadeira e séria política de administração municipal, com um viés direcionado para uma sociedade mais justa e igualitária.
Rui Oliveira Machado.

PS: Em Uibaí nas ultimas eleições tivemos 408 votos nulos e 68 em branco.

AFINAL, QUEM É O VILÃO?

2008, ano de eleições municipais, ocasião em que vamos ter a oportunidade de mudar o destino político de nossos municípios. Todos sabemos que o princípio que rege a lei eleitoral é o da representatividade, ou seja, é aquele que outorga ao eleitor condições para ter ciência plena da pessoa que o representará. Por isso é necessário que o candidato seja suficientemente conhecido e, para tal, se exige segura comprovação do seu domicílio eleitoral. A finalidade é permitir que o eleitor saiba em quem está votando, em quem reconhece condições de realizar o bem comum. Mas, na prática, será que isto ocorre? Penso que não, em grande parte. Parece-me que duas podem ser as hipóteses: ou o eleitor vota sem se preocupar em conhecer a vida anterior do candidato, os serviços que prestou e a potencialidade que tem de vir a prestar, ou se, mesmo sabendo que ele não merece o seu voto, nele vota, por interesse não do coletivo mas do individual, ou seja: vota para receber benesses, sem qualquer esperança de que aquele candidato venha a fazer algo pelo bem de sua cidade. E aí todos serão prejudicados.

Infelizmente, a segunda hipótese é que muitas das vezes vem prevalecendo e se reflete na frustração de todos, pois, se assim não fosse, como explicar que 159 prefeitos eleitos em 2004 tenham sido processados e condenados à cassação de seus mandatos até agosto de 2007? Diga-se mais, que 19 deles tiveram condenação confirmada no Tribunal Superior Eleitoral. Os motivos foram vários: compra ilegal de votos, troca por favores e indevido uso da máquina do poder, por vezes com abuso desse poder, que lhes foi outorgado pelo povo não para benefício próprio; e quantos outros mais que à toda hora os órgãos de comunicação estão a noticiar, vide cartão corporativo e bolsas de toda ordem. É fora de qualquer dúvida que lei temos, mas também dúvidas não há, que a lei eleitoral, assim como outras, em especial a penal, não é suficientemente forte para desencorajar os maus políticos, os que usam o poder que o povo lhes deu para se corromperem. E é justamente aí que a fraqueza da lei, somada à ausência de responsabilidade do eleitor, permite que políticos reconhecidamente incompetentes, reconhecidamente envolvidos em fatos ilícitos e em atitudes antiéticas em benefício de si próprios continuem a representar o povo. Como é possível aceitar que políticos em véspera de serem cassados, para não o serem, renunciam ao mandato que o povo lhes deu, e logo após se candidatam novamente? E o que é pior: são eleitos.
Como é possível continuar a se votar em políticos que, sem uma razão justificável, de uma hora para outra acumulam fortunas enormes que seguramente não foram obtidas com o salário que recebem?Não é possível que a punição que a lei eleitoral impõe seja apenas de multa e declaração de inelegibilidade por período ínfimo (3 anos) da data da eleição e não da condenação, na maioria dos casos, ocasionando que a eventual punição perca o seu caráter de inibir novos crimes contra o povo.
Parece até que os legisladores, que são políticos por princípio pois é deles o poder, fazem as leis para se protegerem, e por isso interesse não têm os parlamentares de mudar a legislação. Em poucas palavras, não querem mudar a norma porque são eles os destinatários dela.
E a ética, e a moral, e o sonho de uma cidade melhor, de um país melhor, onde é que ficam? Afinal o povo é vítima ou é autor, é o vilão ou é o herói?
A hora e a vez é do povo, único momento em que efetivamente somos todos iguais: valemos todos a mesma coisa, ou seja, um voto.Cabe a cada um de nós fazer um exame de consciência desde já, pois os nossos destinos estão nas mãos dos políticos que elegeremos. Perguntar-se-á: você votaria de novo no mesmo candidato em quem votou na última vez?
Teria ele correspondido efetivamente à sua esperança de vê-lo prestando relevantes serviços à sua comunidade?
É óbvio que a sociedade anseia por uma reforma eleitoral, por uma reforma política, mas para que isso aconteça é necessário ser mudada a mentalidade dos eleitores.
A hora e a vez é nossa, é do povo.
Afinal, quem é o vilão?
Desembargador Walter Felippe D’Agostino