Ano IV Julho - edição extra -eleições/2004
O JOVEM QUE BARROU O PRESIDENTE.
Eduardo Horácio Jr.
Eram mais ou menos dez horas da manhã do último dia de agosto daquele famoso ano de 68. A polícia militar cercava a UNB há alguns dias e quem viria visitá-la era o presidente do Brasil, general Costa e Silva, acompanhado do presidente francês, Charles de Gaule . O presidente brasileiro queria mostrar seu cartão postal, “ uma universidade-modelo para o mundo”, segundo suas próprias palavras.
Costa e Silva, no entanto, não sabia que no meio da multidão, suando muito, estava um jovem estudante de direito, Osvaldo . Com uma ousadia digna de poucos, Osvaldo passou por muitos, driblou os seguranças e finalmente chegou ao presidente.
Osvaldo não sabia o que dizer. Ao contrário dos tempos atuais, não carregava nenhum ovo na mão. Só se lembra que levantou a cabeça e disse:
-Por favor, presidente, aqui o senhor não entra.
Como não?
Quando Osvaldo olhou para trás, milhares de colegas se entusiasmaram e transformaram em verdade aquela corajosa frase do jovem acadêmico. Criou-se ali, em poucos minutos, um dos fatos políticos mais importantes do turbulento ano de 68. O presidente francês passou pela multidão, mas o general brasileiro estava preso, rodeado por estudantes de uma universidade que ele considerava modelo para o Brasil.
Torturado durante a ditadura, Osvaldo ainda encontraria forças para concluir mais tarde seu curso de direito. Foi um dos fundadores do PT e, como advogado, sempre atuou na defesa dos trabalhadores rurais. Foi professor da UCG, e é uma das referências nacionais quando se fala em direito alternativo.
Bem, se fazer uma breve biografia já não é fácil, um necrológio é ainda pior. Exige uma serenidade quase sempre impraticável Osvaldo Alencar Rocha, o brasileiro que, entre outras coisas, barrou o presidente, se foi no último dia 14 de junho, em Goiânia.
Eduardo Horácio Jr. É estudante do 4º ano de jornalismo da UFG.
JORNAL INTEGRAÇÃO Setembro 2000.
DE ALMA LAVADA.
Rui Oliveira Machado
No dia 26/06/04, em plena semana de São João, a cidade de Uibaí viveu um dos seus maiores momentos, que deve ficar na história e na memória de muitos.
Nesse dia foi marcada a convenção dos Partidos que formam a Frente de Reconstrução e Libertação de Uibaí, até aí nada de novo. Com o término da convenção ficou programado uma pequena manifestação e logo em seguida uma visita às barracas expostas na praça onde estava sendo realizado o festejo junino.
Na hora marcada, a população se dirigiu para o local do encontro, próximo a torre da Telemar. A concentração foi tamanha e a animação fora do comum que os organizadores resolveram fazer um arrastão pela cidade. Já era noite. No entanto o povo não arredou pé e saiu em passeata pelas ruas escuras de Uibaí. Escuras em alguns pontos por falta de manutenção e, em outros, a mando de algum político preocupado com a repercussão do fato. Mesmo assim a passeata seguiu pelas ruas esburacadas e empoeiradas da cidade, onde crianças, adolescentes, adultos e idosos exerciam, alguns inconscientemente, o direito da Cidadania. Entraram na praça que é e sempre será do povo, gritou, pulou, dançou e vaiou “o chefe do executivo, quando este foi citado no palanque e alguns outros lacaios que estavam compondo aquela lista de malfeitores em mãos do locutor. Saíram da praça e seguiram em frente até o ponto inicial da passeata. Aquilo era um grito que estava preso na garganta desde o pleito passado. Em seus semblantes via-se a alegria de ter participado desse momento e a vontade de mudar, mudar para melhor e com muita participação. Nesse dia o povo de Uibaí ficou de alma lavada.
PRÁ SE FAZER UM COMÍCIO
Rui Oliveira Machado
I
Para se fazer um comício ou mesmo um arrastão
II
Logo a notícia se espaia por todos os cafundós
III
Em pouco tempo então
IV
Prepare a chaculateira,
V
Mande avisar Erivelto nessa mesma ocasião,
que é homem preparado e sempre tem foguetão
VI
Chame também João de Miro, com seus dois
grandes faróis, prá alumiá o terrero e trazê
pinga prá nois , acompanhado de Nemi com o seu violão,
VII
Pronto, o comício tá feito,