segunda-feira, 19 de março de 2007

BOCA DO CEU 11


Ano IV Julho - edição extra -eleições/2004

O JOVEM QUE BARROU O PRESIDENTE.
Eduardo Horácio Jr.
Eram mais ou menos dez horas da manhã do último dia de agosto daquele famoso ano de 68. A polícia militar cercava a UNB há alguns dias e quem viria visitá-la era o presidente do Brasil, general Costa e Silva, acompanhado do presidente francês, Charles de Gaule . O presidente brasileiro queria mostrar seu cartão postal, “ uma universidade-modelo para o mundo”, segundo suas próprias palavras.
Costa e Silva, no entanto, não sabia que no meio da multidão, suando muito, estava um jovem estudante de direito, Osvaldo . Com uma ousadia digna de poucos, Osvaldo passou por muitos, driblou os seguranças e finalmente chegou ao presidente.
Osvaldo não sabia o que dizer. Ao contrário dos tempos atuais, não carregava nenhum ovo na mão. Só se lembra que levantou a cabeça e disse:
-Por favor, presidente, aqui o senhor não entra.
Como não?
Quando Osvaldo olhou para trás, milhares de colegas se entusiasmaram e transformaram em verdade aquela corajosa frase do jovem acadêmico. Criou-se ali, em poucos minutos, um dos fatos políticos mais importantes do turbulento ano de 68. O presidente francês passou pela multidão, mas o general brasileiro estava preso, rodeado por estudantes de uma universidade que ele considerava modelo para o Brasil.
Torturado durante a ditadura, Osvaldo ainda encontraria forças para concluir mais tarde seu curso de direito. Foi um dos fundadores do PT e, como advogado, sempre atuou na defesa dos trabalhadores rurais. Foi professor da UCG, e é uma das referências nacionais quando se fala em direito alternativo.
Bem, se fazer uma breve biografia já não é fácil, um necrológio é ainda pior. Exige uma serenidade quase sempre impraticável Osvaldo Alencar Rocha, o brasileiro que, entre outras coisas, barrou o presidente, se foi no último dia 14 de junho, em Goiânia.

Eduardo Horácio Jr. É estudante do 4º ano de jornalismo da UFG.
JORNAL INTEGRAÇÃO Setembro 2000.


DE ALMA LAVADA.
Rui Oliveira Machado
No dia 26/06/04, em plena semana de São João, a cidade de Uibaí viveu um dos seus maiores momentos, que deve ficar na história e na memória de muitos.
Nesse dia foi marcada a convenção dos Partidos que formam a Frente de Reconstrução e Libertação de Uibaí, até aí nada de novo. Com o término da convenção ficou programado uma pequena manifestação e logo em seguida uma visita às barracas expostas na praça onde estava sendo realizado o festejo junino.
Na hora marcada, a população se dirigiu para o local do encontro, próximo a torre da Telemar. A concentração foi tamanha e a animação fora do comum que os organizadores resolveram fazer um arrastão pela cidade. Já era noite. No entanto o povo não arredou pé e saiu em passeata pelas ruas escuras de Uibaí. Escuras em alguns pontos por falta de manutenção e, em outros, a mando de algum político preocupado com a repercussão do fato. Mesmo assim a passeata seguiu pelas ruas esburacadas e empoeiradas da cidade, onde crianças, adolescentes, adultos e idosos exerciam, alguns inconscientemente, o direito da Cidadania. Entraram na praça que é e sempre será do povo, gritou, pulou, dançou e vaiou “o chefe do executivo, quando este foi citado no palanque e alguns outros lacaios que estavam compondo aquela lista de malfeitores em mãos do locutor. Saíram da praça e seguiram em frente até o ponto inicial da passeata. Aquilo era um grito que estava preso na garganta desde o pleito passado. Em seus semblantes via-se a alegria de ter participado desse momento e a vontade de mudar, mudar para melhor e com muita participação. Nesse dia o povo de Uibaí ficou de alma lavada.

PRÁ SE FAZER UM COMÍCIO
Rui Oliveira Machado
I
Para se fazer um comício ou mesmo um arrastão
na cidade de Uibaí não carece muito não.
Sendo do lado da Frente, o lado da oposição
abasta dizer a um que Pedro Rocha chegô
e precisa de uma prosa com o povo eleitor.
II
Logo a notícia se espaia por todos os cafundós
de orêia em orêia o trem começa a render]
da Chapadinha a Hidrolândia da Boca D’água até Irecê,
é um buxicho danado que o povo fica a sabê,
em frente a casa de quem o fato vai ocorrê.
III
Em pouco tempo então
a multidão tá formada
gente da primeira idade,
da Segunda e da terceira
todo mundo satisfeito
com os dentes no quaradô
de tanta felicidade por ser ele eleitor.

IV

Prepare a chaculateira,
com muito chá prá moçada
porque a prosa e boa e vai ter muita risada,
estórias de todo mote, charada,
piada e poesia mentira de todo jeito,
prá agradar a freguesia.
V
Mande avisar Erivelto nessa mesma ocasião,
que é homem preparado e sempre tem foguetão
e peça prá ele sortá uns cinco dos mais maior,
que prá acordar eleitor até lá no Mirorós.
VI
Chame também João de Miro, com seus dois
grandes faróis, prá alumiá o terrero e trazê
pinga prá nois , acompanhado de Nemi com o seu violão,
traga também João da moto prá fazer o forrozão.
VII
Pronto, o comício tá feito,
sem gastar nenhum tostão o povo todo satisfeito pronto para o arrastão
busque o carro de som, uma bandeira do PT
grite senta...e depois... levanta,
prá esticar as canelas e saia em passeata
por essa cidade que é Bela.

Um comentário:

Unknown disse...

muito parecido com uma poesia de jessier quirino, né amigo?