quinta-feira, 15 de março de 2007

BOCA DO CEU 10


Ano IV-Abr/mai/jun/2004

UIBAÍ, A LUTA POR UM NOVO PATAMAR


Em Uibaí, a geração que chega hoje aos 40 anos sabe exatamente o que significa lutar contra a oligarquia que tomou o poder na Bahia e sustenta currais eleitorais em vários municípios de nossa região. Os últimos 20 anos marcaram uma geração que idealizou um modelo de gestão pública para Uibaí, mas que, ano após ano, viu este sonho se esvair pelos corredores de repartições públicas, grassado pela fraude, pela corrupção e pela manipulação de seguidos pleitos eleitorais.
Durante esses anos, o embate político sempre foi desigual, do ponto de vista dos recursos materiais; e frustrante, no plano das idéias. O adversário, rude e capacho dos chefes políticos estaduais, marcou seu espaço com corrupção, incompetência administrativa e violência policial. A truculência, que é a arma de quem não tem idéias e nem razão, imperou em Uibaí, firmando o único contraponto que se pode esperar de quem nada tem a oferecer, além da malandragem para desviar recursos públicos.
Paradoxalmente, a juventude de Uibaí prosperou intelectualmente; instituições importantes foram criadas pela sociedade civil; partidos políticos de esquerda teimaram em oferecer boas opções ao eleitor. Um jeito próprio de ser que o povo de Uibaí carrega, desde as refregas da Guerra da Maniçoba, forneceu o combustível para o confronto permanente e necessário. Nesse sentido, nada foi capaz de destruir a esperança do povo.
Eis que a esquerda chega pacificamente ao poder no Brasil. Com o Governo Lula, alguns pilares dos currais eleitorais começam a ruir no sertão, deslocados pelo estimulo do governo federal ao avanço da sociedade civil e pela democratização das relações do estado com os cidadãos. O medo, que é a ideologia da direita, como bem dizia Simone de Beauvoir, começa então a penetrar nas hostes da direita uibaiense, provocando baixas, deserções e surpreendentes e excêntricas adesões à oposição, na prematura campanha municipal para as eleições de 03/10/04, que já começa a empolgar as ruas.
Pedro Rocha e Pepe reeditam a chapa majoritária da memorável campanha de 2000. A revisão do eleitorado, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral, é realizada com sucesso, promovendo uma depuração que reduziu em quase 30% o colégio eleitoral de Uibaí. Abrem-se perspectivas reais de vitória. O povo volta a sorrir, alguns de olho em algum cargo ou emprego público, mas a grande maioria a espera apenas da grande festa cívica da vitória, para expulsar da garganta o grito sufocado por tantos anos de opressão.
Este quadro, alentador, mas ainda indefinido, força uma reflexão sobre a responsabilidade de nossos artistas, poetas, professores, estudantes, intelectuais, líderes de opinião e, principalmente, dos militantes históricos da esquerda. O momento não comporta vacilações, nem a ética permite que, para firmar a primazia da oposição ao eventual futuro governo, se coloque em risco a obtenção do salto de qualidade que representará a vitória de Pedro Rocha e Pepe nas próximas eleições. É imperioso que as pessoas de bem estejam unidas em torno dessa bandeira, ainda que para o fim de, no dia 03/10/04, assegurar a eleição de um novo contendor, para uma nova oposição.
Não há mais espaço para o continuísmo acéfalo. Não há mais tolerância. Ninguém
Agüenta mais. Temos, pois, a responsabilidade histórica de fortalecer a luta de Uibaí por um novo patamar. E, como os anseios do ser humano são ilimitados, lutaremos por outros e mais outros novos patamares. Edimario Oliveira Machado

SUCESSÃO EM UIBAÍ


Mais uma vez volto a falar das eleições municipais de Uibaí, justamente por estarmos em um momento onde definições políticas estão sendo tomadas levando o quadro sucessório a sofrer algumas mudanças no que se refere a alianças e apoios políticos. Plagiando o professor Ruy Fausto (Folha de São Paulo 28/03/04), “alianças podem e nas condições atuais de Uibaí têm de ser feitas. Mas elas têm limites. Mas precisamente, têm um duplo limite.” Há um limite político e um limite ético. Sobre esses dois aspectos a regra deveria ser: são vedadas em termos absolutos as alianças e apoios com grupos, partidos ou indivíduos claramente reacionários e corruptos”. Em Uibaí, felizmente, o primeiro limite não foi possível, apesar de algumas tentativas não se concretizou uma aliança política com o PFL. O mesmo não aconteceu com o segundo limite, já que indivíduos dissidentes estão declarando voto (leia-se apoios) ao candidato da Frente.
“São políticos que se sentiram traídos, e que agora estão dispostos a mostrar suas convicções ideológicas que por muito tempo estavam adormecidas em decorrência do apoio dado ao grupo hegemônico que acredita mandar no município. Agora fazem parte do lado bom de Uibaí, como diz o regae do companheiro-músico Celito. Defenderão o candidato majoritário da Frente com unhas e dentes, trabalharão pela eleição do mesmo por acharem que a mudança se faz necessária e que Uibaí não pode mais continuar nas mãos desse grupo de malfeitores que usam o dinheiro público em benefício próprio”.
O que fazer agora com essa triste realidade já que o voto é livre? Como devemos nos comportar diante de “ex-adversários” que se apresentarem para subir em nosso palanque? Sei que é constrangedor proibir alguém de subir no palanque mesmo sendo um “ex-adversário. Mas não seria mais constrangedor aceitar? Não podemos fazer vista grossa e abraçar falsos “políticos” que na última eleição usaram, através de seus lacaios, as mais variadas armas, inclusive no sentido literal da palavra para intimidar, agredir, insultar etc. , ninguém muda da água para o vinho de uma hora para outra. Acredito que podemos fazer uma administração séria com uma Câmara fortalecida, apoiando e trabalhando em parceria com o Executivo em prol da comunidade. Não podemos misturar as coisas abrindo espaço para pessoas que foram e são nossos adversários, e sempre resistiram a mudanças com o objetivo de se perpetuar no poder usufruindo o dinheiro público. Não devemos defender a premissa de que todo político é igual, mas mostrar para o povo de Uibaí que a Frente não quer mais esse continuísmo, e que veio para começar a mudar o perfil do político de nossa cidade. Sendo assim, faz-se necessário a vigilância permanente dos militantes da Frente quanto à postura diante de decisões que eventualmente sejam tomadas. Rui Oliveira Machado
PS. Fazer política com ética é o nosso maior desafio; já está na hora de começar-mos.


ANGICO, a força que faltava.

No dia 17 de janeiro de 2004, foi fundada em Ibititá a ANGICO Ação Não Governamental de Interesse Comunitário. O movimento operou através de um grupo de ibititaenses residentes em Brasília, que, incomodados com problemas sociais alimentados por uma política partidária eleitoreira e voltada para interesses particulares, resolveram discutir os problemas, começando por um diagnóstico do Município, com a abordagem em dois grandes encontros com a comunidade de Ibititá. As pessoas reagiram de forma surpreendentemente positiva, mostrando um grande interesse em levar adiante o Projeto da ANGICO.
A ONG foi fundada depois de muito debate, a partir do diagnóstico que foi construído com a participação da equipe de Brasília. Participaram do movimento de fundação da ANGICO mais de 50 pessoas entre eles professores, estudantes, agricultores, representantes de associações, agentes comunitários de saúde e diretores de escolas municipais e estaduais.
A ANGICO já se encontra registrada, com sede em funcionamento e um Colegiado Administrativo qualificado e altamente motivado, com vários projetos em vista e um número de Associados bastante representativo.
A entidade está aberta para receber mais associados, desde que estejam comprometidos com a luta por um Ibititá melhor e em linha com seus princípios e finalidades. Alice Sodré Alencar Machado

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